domingo, 23 de agosto de 2009

Maria e o espelho.

Maria acordou exausta. Os dias passavam e ela não sentia diferença nenhuma. Horas, minutos, segundos. Tudo igual.
Levantou foi até o banheiro , se olhou no espelho e se perguntou com uma honestidade cruel: Quem é essa estranha que me fita no espelho?
Eu não reconheço essa minha cara. De quem é essa pele cansada, esses olhos tristes, essa expressão dura?
Eu não me vejo assim, não pode ser eu. Eu ainda me sinto menina, e toda nova relação, é como se fosse minha primeira vez. Eu ainda tremo de antecipação, meu coração ainda bate descompassado, meu estomago embrulhado, não consigo comer nada. Eu ainda me visto com cuidado, me coloco disposta, disponível. Pinto as unhas, pinto os olhos, pinto as tristezas passadas.
Essa cara brava que me encara no espelho cisma em contar toda a tristeza que passou, todos os medos, as dúvidas, as rejeições. Ela me trai muito mais do que qualquer homem, porque conta a história que eu quero esconder.
Não sei mais o que fazer com essa cara feia. Acho que vou trocá-la por uma mais serena, em vinte e quatro prestações, no cartão de crédito emprestado por alguém que não tenha medo de sorrir.
Voltou para cama, se aninhou. O cobertor cobriu os medos.
Lá fora amanhecia um novo dia. Azul.
Ela prometeu que faria diferente.
Sorriu ao pensar nisso.
Amanhã ia finaciar o tal carnê.

Esses (os dois últimos e esse) são contos do "Cacos de Vidro no Chão" a primeira série que escrevi.
Vou postar alguns.
Kiss
K.

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