domingo, 24 de outubro de 2010

A Cara e a Bunda.

Eu passei esses dias por uma cirurgia. Sim mais uma! Meu corpitcho cansado de guerra de vez em quando dá tilt.
Devido ao processo de hospitalização e repouso me vi grudada na televisão...
Não conseguia ler nem me aquietar, então grudei na telinha.
Grudei só não, criei um novo vício...( justo eu que sempre fui tão contra!!!). Fiquei afccionada por um reality show, desses bem cafonas, com artistas de TV.
Nessas minhas idas e vindas com meu novo affair escondido, passei horas divagando sobre algo que me deixou pasma:
”A intimidade pode ser mesmo um veneno”.
Você olha aquela pessoa na TV, linda, leve, produzida e siliconada e por alguns momentos se esquece de que aquele ser também acorda com a cara inchada, de mau humor ou virado do avesso. Aí vem o tal "reality" e mostra "fulana e sicrano" lavando banheiro...acabou o glamour.
Ver isso ao vivo na telinha te dá uma sensação maluca de voyer e juiz do drama alheio. E você se questiona como seria se fosse com você ( obvio sempre achando que você é muito acima disso tudo e nunca faria nada igual, porque você é emocionalmente equilibrada e absolutamente madura!)
Observando caras, bocas e bundas, nota-se como a primeira impressão é uma coisa besta. Não adianta ser linda e na convivência uma chata nada segura.
Não adianta fazer cara de paisagem e tentar segurar a onda se aos poucos aquilo que se é de verdade aparece, e vem te derrubando como uma enchente.
É muito ruim gostar de um personagem e depois desconstruir tudo isso no dia-á-dia. Ver aquele castelinho ruir, desabar na sua frente...uma tristeza.
Manter a pose cansa também!
No romance e nos relacionamentos é assim. No começo vem aquele encantamento cego, paixão avassaladora, química de pele incrível. Aí na convivência, com as pequenezas de cada um, as fantasias se desfazem, as pessoas ficam reais e é possível notar com clareza se essa estória fica ou vai ser gongada pra sempre da sua vida pessoal.
Quando tentamos transformar alguém no “nosso ideal de certo”( nota: essa frase por si só já é megalomaníaca e deve ser colocada em análise profunda!) é como tentar encaixar um quadrado em um circulo. Podemos cortar as bordas, mas nunca vai caber direito.
Bacana mesmo é dar tempo pra descobrir, quando se acha alguém legal, os pequenos defeitos, as pequenas arestas e sabendo disso, ainda assim achar que vale a pena.
Ver graça nisso e saber internamente que no dia á dia, você vai continuar pensando que é muito sortudo por ter ao seu lado alguém especial.
Achar um lugar tranqüilo dentro de você, onde a intimidade não seja assustadora,sofrida, dramática e sim uma coisa bacana, dividida e real.
Juntar as coisas, as estórias pessoais, as escovas de dentes, e ainda assim, continuar sendo único..sempre.
Saber se dar, sem se perder e sem fazer ninguém de refém.

Quer dramalhão?? Vem pro Reality Show você também.

Eu? Sou mais na linha do poeta...
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo...

E vambora!
Boa semana,
K.