domingo, 9 de junho de 2013

Biquinis e Burcas.

Ando muito preocupada com  o rumo que as coisas vem tomando no nosso país.
Cada vez mais( porque hoje em dia temos acesso á informação)vejo na internet,  manifestações de ódio e preconceito protegidas por cargos públicos.
Se não bastasse Feliciano e os seus companheiros de causa,  ainda me deparei com um post de um "promotor de justiça" incitando violência contra manifestantes, prometendo arquivar processo em causa própria.
Sou filha de expatriados refugiados de guerra. 
Minha mãe, nascida no Egito, conta sempre em detalhes, como foi que começou o ódio aos judeus. Como foi sorrateiro o processo de discriminação. Como foi que aos poucos, bem lentamente, a fizeram se sentir uma estranha no lugar onde nasceu e cresceu até que um dia, ela e meus avós, junto com outros tantos, foram mandados embora do país que ela sempre amou e chamava de lar.
Obrigados a deixar sua casa sem nada, expulsos como insetos e mandados sem rumo para outro país.
O que vejo acontecer aos poucos aqui em terras Brasilis, me lembra as histórias que minha mãe sempre me contou.
Vejo pessoas usarem seus cargos públicos como armas. 
Pessoas escondidas atrás de sua posição parlamentar fazerem e acontecerem em causa própria, incitando raiva , discriminação em prol de sua religião.
Esquecendo totalmente que somos um país laico e que cargo público deve servir para o melhor interesse da nação.
Estamos todos observando um pouco dormentes as coisas mudarem para um rumo pior.
Entramos em um novo milênio e parece que no Brasil Tropical voltamos de marcha ré na evolução.
Não somos bélicos por natureza. Somos um povo feliz, amigável.
Não passamos recentemente por guerras, não enfrentamos homens-bomba.Não conhecemos o terrorismo.
Minha mãe conta que no Egito lá atrás, também era assim.
Sua melhor amiga de infância era Ahlaham (Nelly) uma muçulmana.
Elas faziam tudo juntas e eram como irmãs.
Quando os radicais entraram no poder, Ahlham e minha mãe não podiam mais brincar juntas, não podiam ser vistas em um mesmo lugar e apesar de serem vizinhas, deveriam se ignorar..
Começou aos poucos.
Aí vieram as manifestações de raiva,  as pequenas proibições, os pequenos abusos de poder, as pequenas maldades pessoais.
Foi aos poucos, até que o pouco virou muito e a história do mundo conta o resto.
Minha mãe até hoje fala em Nelly com saudades.
A última vez que elas se viram foi quando minha mãe (judia) foi deportada do Egito.
Nelly burlou a segurança dos radicais e encontrou minha mãe embaixo da escada do prédio para dar adeus.
Minha mãe até hoje se emociona quando fala nisso.
No Brasil, o país da abundância, começou uma ridícula caça ás bruxas aos homossexuais.
Embaixo de posições no poder, homens usam uma plataforma de raiva travestida em um cajado divino.
Falam em nome de Deus esses falsos profetas. 
E você? Acha que isso não te afeta?
Você realmente acredita que você não tem nada com isso?
Qualquer país que permita um abuso á direitos civis, está abrindo um precedente horrível para todos.
Direitos de cidadania são iguais. 
Somos uma nação de muitas crenças, muitas cores, muita miscigenação.
E somos justamente por isso, um país melhor. 
Permitir á radicais de plantão começar uma guerra santa é dar licença para  logo mais, num piscar de olhos, estarmos trocando nosso fio dental famoso, por uma burca horrorosa.
Ou você acha mesmo que seus direitos também não serão tolhidos?
Que logo mais essa plataforma enlouquecida não virá contra você?
Não permita que gente no poder abuse do direito, nem do seu, nem do de ninguém.
Carteiradas nunca mais.
Não somos mais o país de " Você sabe com quem está falando"?
Chega desses Dotô otoridade (Sic)
O direito seu,
é meu,
é deles,
é nosso.
Direito é igual.
E como iguais seremos sempre mais fortes.

Já falei mas não custa repetir.
Cidadania não se refere somente á uma parte da população.
Ou ela é toda, ou é nula!