segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A jaqueta.

Ela ligou, depois de muito tempo, ele atendeu surpreso.
-Quero minha jaquetinha de volta, ela disse, é minha favorita!
Ele nem lembrava mais do que ela estava falando.
A jaqueta, ela esqueceu na casa dele , ato impensado, mas que demonstrava escondido a intenção de revê-lo. Sim ato falho.
A jaqueta era de verdade a favorita e sim ela sentia falta. Não era uma jaqueta qualquer, era a jaqueta perfeita e custara os olhos da cara. E ainda assim era o único elo que tinha com ele.
A jaqueta, ela esperava que fosse o lembrete diário de que ela existia.
Se perguntava se ás vezes ele olhava pra aquele pedaço de jeans azul, e se lembrava dela. Se ainda tinha o perfume dela, a lembrança do cheiro dela. Maneira esquisita de se fazer marcar. Mas não tinha outro jeito. Ela tinha que tentar.
Ele respondeu educado. Era bom moço e por isso não tinha dado certo. O Bem dele e o Mal dela não sabiam se encaixar. Tinha havido encantamento é verdade. Mas ela achou que fosse coisa feita pra durar. Ele bom moço que era, não agüentou tanta bagunça sentimental e preferiu se afastar. A jaqueta ficou ali, resistindo no meio do caminho entre os dois, marcando território, dizendo que eles precisavam conversar.
Quero minha jaquetinha, ela falou.
Ele bom moço que era respondeu muito gentil.
Vou mandar um motoboy entregar.
E o motoboy veio.
E a deixou sem resposta e sem esperança. Ponte partida.
Ela sabia que nunca mais ia conseguir olhar pra jaqueta da mesma forma.

te beijo.
K.

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