segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Outro e O outro

Vamos falar de amor?
Não do amor fácil, amor beijo na boca, olho no olho...
Vamos falar de outro tipo de amor.. Um que requer trabalho, um que as vezes toma tempo...Vamos falar de amor ao próximo.
Parece fácil não? Na verdade é bem mais complicado do que pensamos...
Amor ao próximo exige que você vasculhe seu medo, exige que você entre numa zona não conhecida, que você faça uma busca interior.
É tão fácil dizer que amamos. é até bem bonito!
Mas é naquilo que você odeia, que se esconde a verdadeira faceta do seu caráter.. Naquilo que você apaixonadamente detesta é que moram as suas fraquezas.. a sua mesquinhez, a sua falta de humanidade.
Se colocar no lugar do outro é o primeiro passo para começar a amar um completo estranho.
Se perguntar se você gostaria que te coibissem, que te importunassem, que dissessem pra você que tudo ao seu respeito é errado e feio.
Como você se sentiriam se fizessem uma votação perguntado se aquilo que você sente é imoral.. Se seus direitos estivessem vinculados ao poder de estranhos?
É fácil falar de amor...
É também bem fácil fazer comentários ofensivos..
A grande questão é se perguntar, se você que brada com tanta raiva.. teria a coragem de voltar pra dentro de você e vasculhar a fundo seu ódio, suas ofensas e se perguntar o porque disso..
Seu antagonismo é reflexo daquilo que você carrega no peito... Daquilo que você não exibe nas rodas sociais..
Amar ao próximo é difícil meus caros.. MUITO!
Porque esse tipo de amor te força a olhar nos cantinhos escondidos dentro de você. Te força a brigar com seus monstros..
E isso sim é uma jornada..Talvez a MAIOR e todas.
Que a gente tenha força para.
E coragem também. 

Amém!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Três Velas Acesas

Eu sou judia.. ser judeu é chamar seus amigos por nome e sobrenome, é usar os Bromberg, Goldenberg, os Levi os Cohen e tantos outros como referencia.. Como somos uma comunidade pequena, sempre conhecemos alguém relacionado, ou um tio, ou um irmão, ou um primo distante Eu sou judia, não comemoro natal, tenho o Chanuka, festa das luzes. 
Eu sou judia, estudei em escola judaica, aprendi hebraico e convivi com pessoas que como eu falam várias línguas. 
Eu sou judia, cresci com refugiados de guerra, ouvi histórias de campos de concentração e ví inúmeros avós de amigos meus com números tatuados no braço. 
Eu sou judia, sempre respondo uma pergunta com outra pergunta, uso termos em idiche como potz e schmok e acho que todo mundo sabe do que estou falando. 
Eu sou judia, cresci acostumada a ouvir que somos gananciosos, que gostamos de dinheiro e que trabalhamos numa "lodjinha"... Não faz mal, como filhos de gente que foi expulsa de sua terra natal, sabemos a importância da educação e sempre guardamos para um dia mais cinza.
Eu sou judia, com humor aspéro e piadas de duplo sentido..tiramos sarro do nosso povo e achamos graça na desgraça. 

Eu sou judia e cresci em comunidade e apesar de morar fora de Israel, chamamos nossa terra prometida de Eretz. e sentimos orgulho de lá. 
Eu sou judia e por mais moderna que seja, ainda assim chamei meu filho de David, para ele nunca esquecer de onde veio... e chorei como criança no dia que ele fez seu bar mitzva e pela primeira vez leu nosso livro sagrado. 
Eu sou judia e por mais acostumada que eu esteja de nunca ver na mídia nenhuma mençao bacana sobre meu povo, ainda assim... apesar de ter visto isso acontecer com meus avós e meus pais.. Ainda assim me espanto que o mundo se faça surdo quando uma ato de terrorismo contra cívis/crianças israelenses é cometido.
Eu sou judia...mas tb sou brasileira. E não entendo como esse país que me criou, esse país que se diz laico e livre para todas as religiões, me negue o direito de ouvir pelo menos uma vez que sente muito, qdo todo mundo joga na minha cara, que eu sou judia.

Eu sou judia... e isso faz parte de mim, como meu braço ou meu coração.
Eu sou judia.
E nenhum silencio vai mudar isso!!
Shame on you midia brasileira! 
Eu sou judia... e me orgulho disso!