quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Novo folêgo.

As coisas nem sempre são como parecem...
Hoje conversei com um moço, que a princípio, achei marrento e de mal com a vida. Desconfiado e de humor ácido, parecia alguém difícil de chegar perto... Isso na primeira olhada, até o papo chegar em relacionamentos e de repente ele se transformou.
Encantado por uma moça há algum tempo, baixou a guarda e mostrou todo um outro lado ao falar do assunto, o que me surpreendeu totalmente. Parei pra ouvir e descobri alí outro ser:gentil, educado, cavalheiro. Gostei do jeito do moço e a maneira bacana como ele falava dela e torço pra história deles dar muito certo. Gosto de ouvir sobre relacionamentos que estão começando... gosto de ver esse brilho no olho.
Resolvi então postar de novo sobre esse tal de "encantamento" , quando acontece esse descobrimento , esse arrebatamento, esse lugar onde baixamos a guarda e deixamos entrar na nossa estória outro alguém.
Dentro de nós, muita coisa muda, ganha outra vestimenta, outras cores. Quando estamos encantados, existe uma leveza que nos transforma...
Queremos ser melhores, maiores, mais vivos, mais inteligentes, mais engraçados, mais corajosos...Ganhamos folêgo!
Não me lembro da última vez que me encantei de verdade por alguém ( mentira minha!), mas lembro com um frio na barriga a sensação que é o tal encantamento. A risada, o olhar mais aguçado.... as pequenas surpresas e gentilezas...O novo.
Encantamento vem de todo jeito e nem sempre é tranquilo. Ás vezes é um pouco complicado porque nos encantamos por pessoas que não estão disponíveis naquele momento...(ahhhh a ironia da vida, os pequenos testes que fazemos com nós mesmos!)....
Encantamento não tem hora certa nem receita, vem em todo tipo de pacote, ninguém sabe bem explicar porque aconteceu. Mas, quando surge, vem com força e te arrebata e mesmo sabendo que ás vezes não pode ser, fica aquela coisa contemplativa acompanhado de um monte de "SE":
Se estivesse solteiro..
Se notasse que eu me encantei..
Se também tivesse interesse..
Se soubesse como gostei...
Se me telefonasse...
Se tivesse conhecido antes...
Mas, mesmo no "Se" o encantamento vale a pena...porque prestar atenção no outro tira o foco de você. As coisas ficam menos sérias, a vida fica mais estimulante e olhar ao redor bem mais interessante...
Você se percebe no olhar do outro. E o outro se vê em você.
Nem que seja furtivo e meio escondido.
Nem que seja de relance.
O encantamento é uma lufada de ar, um aprender a respirar de novo...
Mesmo se não der certo, valeu á pena, como todas as pequenas coisas que realmente fazem diferença.
Mesmo que não dure pra sempre.
Mesmo que nada aconteça.
Mesmo que seja só assim.

Um maravilhoso 2011
bjos K.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os Três

Fim de ano é aquela loucura, tempo de refletir, de ver os velhos amigos, de sentar á mesa de um bar e dar muita risada. O tempo pára e nos pegamos analisando o que fizemos e de uma forma boba visualizando um futuro magnânimo, cheio de sonhos, como se a mudança do calendário pudesse nos dar um gás novo na realização de tudo aquilo que sonhamos viver.
Fim de ano também tráz aquela coisa família reunida, e vendo meus irmãos sentados ao redor da mesa, onde também estão nossos filhos e nossa mãe, eu me pego pensando como podemos ser tão diferentes e tão iguais.
Familia reunida é aquela bagunça, divagamos sobre o futuro, lembramos do passado, rimos e choramos de coisas boas ( e nem tanto) que lembramos. Brigamos por pontos de vista diferentes, fazemos piada uns dos outros, percebemos pequenos tiques que vão se acumulando, discutimos relação...
Somos três, muito distintos entre si...
Um é mais bélico, cuidador, nunca deixa de estar ao seu lado se "a chapa esquenta", mas se o tempo está ameno, quase não o vemos, está sempre correndo, trabalhando :"O" responsável...
A outra articulada, estourada e chorona, gosta de participar de tudo, de estar presente, de dar ombro, bronca, colo e claro, a chave da casa:"A" acolhida.
E tem também o caçula...
Ele é "A" música. Por ser música, cria um elo invisível entre todos os outros membros da família...Mais tranquilo e bom ouvinte sabe entender todos os lados. Como um bom conciliador, quando a coisa pega fogo ( e sempre pega entre o Responsavél e a Acolhida) ele aparece e coloca água fria para os ânimos se acalmarem...Ele lembra o porque estamos alí. O caçula guarda lembranças em caixas especiais. Ele sabe um segredo: "Que somos um por todos e sempre, sempre, todos por um " . Ele é a memória afetiva que não nos deixa esquecer.
A casa no fim de ano, está cheia de som, e como quando eramos pequenos, estamos todos juntos de novo, comendo a comida da mãe, ouvindo violão sentados no chão, contando estórias, ajeitando o jardim, experimentando doces e ficando juntos em silêncio até alguém começar a rir... Por um pequeno espaço de tempo, não somos só pais, voltamos a ser também filhos e aí então somos mais ainda irmãos... E o tempo passa devagar, e os dias correm sem a gente notar e em volta daquela mesa na sala de jantar, que agora está pequena pra Responsabilidade, a Música e a Acolhida sentarem com toda a bagagem que acumulamos no caminho, olhamos nossos filhos, olhamos nossa mãe e a vida toda que passou e ficamos tranquilos, sabendo que apesar de todas as diferenças entre nós, existe uma certeza de que naquela casa atulhada de gente nunca faltou nada...
Muito menos amor.

Feliz 2011!!
bjos
K.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

NINHO VAZIO

Para pais nada é fácil...
Você sonha que vai fazer diferente, que vai criar um relacionamento baseado no dialogo, que vai dar para seu filho tudo o que não teve, que vai fazer absolutamente o contrário que seus pais fizeram com você. Ai vem a realidade e você ouve seu filho adolescente dizer que você é careta, não entende nada e fica aquela pergunta no ar:
- Onde foi que errei?
Meu filho acabou de sair do ninho, dezessete anos e vontade de andar pelas próprias pernas, ele me diz que quer ir morar com o pai, porque de acordo com ele, eu sou uma chata, que não entendo nada, e que fico cobrando o tempo todo.
Pois é, estou aqui dando a cara à tapa...Justo eu que estudei tanto, que me preparei tanto, que vivi tanto, hoje me vejo nesse enorme vácuo tentando entender aonde foi que a conexão falhou.
Não importa o quanto tenhamos vivido, o quanto aprontamos, o quanto “quebramos a cara”, tentar explicar isso para alguém é como tentar explicar o gosto de um doce muito bom. O outro pode ter até uma noção, mas só vai entender bem provando.
É difícil para pais deixar o filho seguir o seu próprio caminho, quando se tem a certeza que lá na frente ele vai dar com a cara no muro, e que vai doer.
È difícil abrir mão, mas é imprescindível para o processo de crescimento do filho.
Mesmo que doa, mesmo que dê tudo errado.
A grande sacada de ser mãe, acredito eu, é estar sempre a postos pra ajudar a colar os caquinhos (quando precisar) e confiar na semente que se plantou ao longo da vida, acreditando fielmente que porque você fez o seu melhor, em algum lugar dentro dele vai estar aquela vozinha dizendo pra tomar cuidado, pra não tomar friagem, pra olhar pro lado, pra ter coragem, pra ser educado, pra ser o melhor que puder ser ....
E a gente se recolhe temporariamente, pede força e tranqüilidade, e reza baixinho, torcendo pra ele ser feliz.
Sempre.

Love u...
Boa sorte!
K.