quarta-feira, 23 de junho de 2010

o casaco de visão.

Fui dar aula para umas aluninhas minhas e durante o café elas me contam indignadas que a mãe, uma mulher chiquetéssima que eu adoro, ao ver uma mulher dormindo na rua no dia mais frio do ano, não teve dúvida, tirou o casaco que havia trazido de uma viagem de fora do país e deu para senhora em questão.
As meninas ainda adolescentes, não entendiam como a mãe deu assim, para uma estranha completa, um casaco tão lindo e caro, que elas disputavam entre si para usar. A mãe, que é de uma delicadeza impar, respondeu tranqüilamente que o casaco foi feito para aquecer e que estava cumprindo sua função.
Adorei essa história, e voltei pra casa pensando em como a mulher moradora de rua deve ter se sentido.
Gosto de imaginar finais felizes... Gosto de imaginar histórias. Então desenvolvi mentalmente um enredo para a moça e o casaco.
Vou chamá-la de Veridiana...

Veridiana recebeu o casaco atônita. Nunca antes em sua vida havia possuído algo tão bonito assim. A moça que lhe deu o casaco não a tratou com desprezo, olhou nos olhos dela e deu um sorriso tão gentil que aqueceu o quarteirão.
Estava na rua porque havia sido enganada, uma promessa fajuta de amor a havia trazido de muito longe para São Paulo e quando aqui chegou, encontrou outra mulher morando em seu lugar, no lugar que ele, de olhos cinza havia prometido para ela.
Sem parentes e sem amigos, Veridiana não sabia o que fazer. Também não havia vindo preparada para enfrentar um clima tão frio. De onde ela viera, só havia sol...Muito sol. Ela sentia falta disso.
Veridiana se sentia a última das mulheres, não só fora enganada, como agora era descartada e engolida pelo cinza mecânico dessa cidade.Tinha se tornado invisível.
A moça bonita do casaco perfumado foi a primeira pessoa que notou Veridiana.
A moça lembrou Veridiana do quanto ela era especial.
Na manhã seguinte Veridiana foi procurar emprego, se sentia linda com o casaco novo. Confiante e tranqüila logo se acertou.
Arranjou um restaurante onde podia morar no quarto dos fundos.
Veridiana que sempre foi boa cozinheira, sabe que irão gostar de seu tempero.
As coisas andam tranqüilas agora. Mas às vezes Veridiana sente ainda um pouco de medo da cidade tão grande.
Quando é assim, ela veste o casaco e se sente protegida e amparada.
Lembra do sorriso da moça e de como se sentiu ao ser notada.
O casaco e Veridiana estão seguindo sua missão.

É assim que devia ser..
Quando um gesto de delicadeza pode fazer toda a diferença e mudar a história.

Essa vai para a moça chiquetéssima, que todo dia me surpreende, apesar de tantos anos que somos amigas.
Love u.
Bjo K.

6 comentários:

  1. K., fiquei esperando, na sua versão do que aconteceu, que um dia a chiquésima fosse comer no restaurante onde Veridiana trabalha e que elas se encontrassem novamente. Seria legal tb, não?
    Bjos,
    X

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  2. Quem sabe amiga, nos encontros que a cidade traz, tudo pode acontecer!

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  3. Wendy1/7/10

    Linda história!!! Sempre leio seu blog: divertido e cheio de sábias palavras... Virei sua fã!!! Bjs

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  4. Anônimo3/7/10

    Pois é, concordo com a Xexa.
    Seria incrivel se a moça do casaco se encontrasse com a Veridiana, visse que um simples gesto pudesse a ter transformado!!! Incrivel.
    Mas infelizmente a vida é dura, as oportunidades são raras e as dificuldades imensas.
    A moça chiqueterrima como vc a denomina, essa sim..teve a sua oportunidade, soube usa-la, aproveita-la e a sua vida sim vai se transformando aos poucos. Na maioria das vezes dar é muito mais gatificante do que receber!!!
    Mas o mundo a Deus pertence e quem sabe dessa vez as duas tenham essa grande oportunidade de agradecer pelo que podem fazer e receber.
    Adoro ler seu Blog, mulher sensivel!!!!
    Muitos casacos quentinhos pra todas nos SEMPRE!!!!!
    Bjus

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  5. chiquetéssima...loviu amiga!muitos casacos...sempre!amém!!

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  6. Wendy..bem vinda sempre!!!

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