quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Relógio.

Essa semana, minha frase no facebook foi algo como: ” O que quer dizer quando você começa a passar as madrugadas esperando seu filho voltar da balada? “. Um monte de gente respondeu que estamos ficando velhas, que é carma, que é uma marcação de passagem do tempo.
Bom eu pessoalmente acredito que todas acima são verdadeiras, mas que no quesito “ficar velha” não é bem ao pé da letra.
Quando éramos adolescentes, fazíamos coisas peculiares e condizentes á idade e ao condicionamento físico. Eu lembro bem de chegar ás três da tarde de ônibus ( mais de um óbvio) em um show que começava somente ás oito da noite, achar maravilhoso ficar esmagada na grade no meio da multidão e voltar pra casa de qualquer jeito, mesmo que estivesse uma mega tempestade. Lembro também que não fazia a menor diferença em questão de cansaço, eu ainda assim iria acordar ás sete e ir pra escola e emendar o dia com visitas á amigos de tarde e talvez outra festa á noite.
Hoje, se bebo muito, fico estragada três dias consecutivos e meu corpo dói como se tivesse tomado uma surra.
Hoje por causa da cirurgia na coluna não posso mais usar salto e nem carregar bolsa pesada, quando paro para pensar que passei anos da minha vida “mochilando”, carregando minha casa nas costas, dormindo em trens, em sofás na casa dos outros, em albergues sem calefação no inverno europeu.
Hoje sair de casa com o cabelo molhado nem pensar, alem de estragar o modelão e o cabelo ficar armado, ainda pego uma gripe ou torcicolo bravo.
Antes eu tinha estomago de avestruz, comia em boteco, bebia qualquer coisa e nada acontecia. Hoje se tomo um vinho mais barato, socorro! E de pensar que o pessoal da faculdade ama tomar “ Sangue de Boi”. Eu assisto com um misto de horror e nostalgia e sinto que algo realmente mudou.
Mudou muito é verdade, mas muito mudou para melhor.
Hoje eu só faço o que quero, aprecio comidas exóticas, quero viajar com conforto. Não ando mais em galera, mas os muitos amigos que tenho estão comigo há anos e sabem exatamente como sou.
Hoje conheço e aceito minhas falhas ( sim descobri que não sou perfeita) e valorizo todos os dias que passo com alguém especial, porque sei que dias assim são um presente.
Hoje eu não tenho mais medo de falar, apesar de nem sempre dizer o que penso, também porque entendi que nem sempre o outro lado quer, ou está preparado para ouvir, e tudo bem, é bacana respeitar o tempo dos outros.
Hoje eu valorizo o silencio, e consigo absorver os segredos contidos em pausas longas, em olhares, em sorrisos.
Hoje eu creio em muitas coisas, deixei de acreditar em outras e sei que esse é um processo que nunca termina ( amém!).
Hoje eu vivo de bem com meu corpo, me acho bonita e estou feliz porque cheguei aqui assim.
Hoje é bacana, porque eu estou aqui, e celebro isso, apesar de já ter dito muitas vezes adeus para pessoas que amei.
Hoje gostaria que eles me vissem, pudessem estar presente ( acho que estão, na minha memória,no meu coração = saudades).
Hoje eu espero meu filho voltar da balada e tudo certo, porque hoje é dia disso.
Ainda bem.

bjos
Karin.

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