quarta-feira, 28 de agosto de 2013

TUDO SOBRE MINHA MÃE

Eu nunca me dei bem com minha mãe.
Mulheres muito opostas, passei a adolescência inteira discutindo, batendo cabeça com ela.
Não combinávamos em nada.
Nem em gosto pessoal, nem em idéias, nem em vontades.
Era uma tortura.
Quando virei mãe melhorou um pouco.
Um pouco.
Passados muitos anos, me vi muito doente.
E morando de aluguel nessa crise pessoal, conversa em família e decisão geral ( eu não tinha muita voz)..onde me vejo?
De volta á casa da mãe.
Difícil no começo.
Depois de mais de duas décadas venho de mala e cuia, com 2 cachorros, filho adolescente e um monte de alunos ocupar o espaço da casa da progenitora.
Adaptações de móveis, adaptação de espaço, adaptação na vida.
No começo foi meio duro (meio?)..
Eu estava fragilizada emocionalmente, doente fisicamente, cansada.
Rolou um estranhamento.
Como colocar um pé firme diante da nova ordem?
Como me impor como mãe em uma casa aonde ainda sou filha?
Foi suado.
O tempo passou e lá se vão vários meses. Achamos um equilíbrio nessa equação tão delicada.
Hoje olhando para trás, nessas retrospectivas que a vida traz de presente, vejo que estamos em pleno processo de resgate.
Ela aprendeu  me ouvir. Eu aprendi a falar.
Ela cedeu espaço. Eu cedi tempo.
Ela me deu abrigo. Eu dei ombro.
E hoje passado um tempo, aprendemos a nos olhar com menos estranheza e mais clareza.
Ela reconhece em mim a mulher que sou.
Eu aprendi a respeitar a mulher que ela é.
Contamos histórias, damos risadas e até abandonei a minha ojeriza de cozinha e me pego fazendo bolo com a receita dela.
Não ouso dizer que achamos  a equação da perfeição. Longe disso.
Ela é calmaria e eu... bem, estou mais pra vulcão.
Mas a verdade é uma só.
Nessa casa dela, que hoje é minha também, habitam duas mulheres muito distintas entre sí e tudo bem.
A gente aprendeu com o tempo que as brigas eram pra ser, faz parte de crescer.
E sentamos tranquilamente para tomar café na cozinha a tarde. Percebo então, enquanto o relógio marca suavemente o tempo, como estamos diferentes no lidar.
O tempo passou pra ela também.
 E notando isso, agradeço aos céus por ter tido essa chance de poder dizer enquanto ainda é tempo, que ela é parte fundamental de mim.
Que eu sou feliz por estar aqui.
Que ela é importante na minha vida. E agradeço a acolhida.
Fico feliz de poder viver com ela ao meu lado nessa casa onde hoje, compartilhamos tantas coisas bacanas.
A vida é bonita as vezes.

Um comentário:

  1. Saudades dessas duas mulheres maravilhosas. Beijos e abraços.

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