sábado, 23 de junho de 2012

Metal e Areia

Estava brocha, totalmente brocha, uma brochidão sem fim que a levou á milhares de consultas médicas e exames doloridos e desnecessários para finalmente numa tarde muito cinza e chuvosa ( ela detestava) um senhor vestido de branco e que cobrava os olhos da cara dar o veredicto- Angustia!
 Depois dessa consulta caríssima, paga pelo irmão amoroso, ja que ela estava quebrada, em todos os sentidos, era ao menos de se esperar que ele dissesse algo que ela inda não sabia.
Angustia, cansaço, falta de prazer. Falta, ausência, sensação de vazio, vontade de sair correndo... e saía.
Se esquivava dos inúmeros convites, das festas, das pequenas alegrias cotidianas. Estava chata, não achava graça em nada, nem em ninguém. nem no moço de olhos verdes safados, nem no músico de nariz grande, nem no outro... ninguém!
Deserto, metálico, cheio de areia.
A vida continua dizia o irmão: - Força companheira, força!
Ele era sem sombra de dúvida a melhor pessoa que ela conhecia... Nesse inferno pessoal, podia contar e contava.
 Mesmo assim saia com o cachorro, fazia o café, fumava um cigarro e mais outro e mais outro... e se não fosse essa dor de estomago tomaria um gim tônica, que sempre amou, e parou porque o amigo alcoólatra havia dito que gim era o fim da linha dos bebuns..confiou. Gostava, mas largou. Deveria haver uma lei que validasse os pequenos prazeres até o fim, um "vale prazer". Eu te presenteio, e você generosamente devolve. Em um dia festivo, em um papel bonito, com fita, pra antecipar a delícia de coisa boa.
 Cansada .
Ela tem dias assim também.

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